quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Mães do Pina! Uma declaração de amor.

 Histórias de perseverança, santos, luta e prantos

"No Pina, bairro popular do Recife, senhoras compartilham sua vida, seu lugar, sua história. Mais do que uma história passada, compartilham uma história vivida – hoje e além. 
Mães do Pina será o primeiro filme-ritual da história."
Leo Falcão, cineasta

Qual é a ponte que separa os sonhos da realidade? Pra aonde irão as histórias que os livros não querem ouvir ou não souberam contar? Quem melhor pode dizer ao mundo sobre o Candomblé Nagô e Jeje do Pina? Como resgatar a cultura viva de minha comunidade? Como retribuir a herança cultural e guerreira passada por meu povo?

Talvez fossem estes os questionamentos que levaram a pedagoga e batuqueira Mariana Bianchi a querer levar para o mundo as vidas destas nobres Yabás. Contar ao mundo e principalmente resgatar de seu povo, a comunidade do bairro do Pina em Recife; as histórias de luta, resistência e religiosidade, que os livros e mídias tradicionais não “quiseram” registrar e a TV não se importa em mostrar. Pois foi então desta vontade que a pedagoga Mariana tornou-se um filtro de sonhos, a idealizadora do filme Mães do Pina nos contou em um depoimento emocionado, como foi conceber e realizar essa aventura de fé e perseverança.

Sentindo-se acolhida desde o instante que chegou ao Pina em 2005, Mariana já naquele ano ouviu de Mestre Shacon Viana e Mestra Joana D’Arc o desejo de filmarem suas famílias para retratarem suas trajetórias religiosas, de ação social e dentro do maracatu de baque virado. Conforme os anos passaram a vontade só aumentou, e em 2011 Giva Martins, marido da batuqueira, retoma com firmeza o assunto, querendo gravar as Yás do Pina, as senhoras de liderança religiosa do bairro, com uma câmera fotográfica. Ainda em 2011, empolgada pela ideia, Mariana começa correr mundo atrás de amigos que pudessem lhe ajudar no projeto. Foi então que ela reencontrou o grande amigo e cineasta Léo Falcão, Mariana diz que em seguida ao encontro, bombardeou Léo com materiais audiovisuais sobre as manifestações culturais do Pina, tentando assim, segundo a batuqueira, mostrar ao cineasta a vontade imensa de registrar cinematograficamente as Mães do Pina. A ideia foi as Mães como referência de luta e resistência na comunidade do Bode (no bairro do Pina) como renascimento do cotidiano da mulher.


Yalorixá Maria da Quixaba
Já de imediato, Léo Falcão abraçou a iniciativa, ele e Mariana começaram pensando num curta-metragem, uma breve e valiosa demonstração da efervescência da comunidade do Bode e suas Mães. Assim Léo e Mariana, junto com a equipe da Urso Filmes, saíram visitando e registrando as Mães em suas casas e seus Ylês. A cada dia a ideia foi crescendo e não cabia mais no formado de curta, a equipe se apaixonou pelo projeto e pelas Mães, as essas guerreiras tem muito a nos dizer, poucos minutos de registro não fariam justiça a grandeza destas mulheres. No entanto no dia a dia das filmagens, eles se depararam com um velho conhecido do cinema brasileiro, a falta de orçamento, fazendo com que resolvessem parar as gravações. Surgido do sonho de Mariana, o projeto até então contava com a ajuda de parceiros e amigos, mas para nossa sorte depois de uma reunião, a equipe decidiu inscrever a proposta num edital de incentivo à cultura, o FUNCULTURA/PE 2012 para longa documentário e o projeto é aprovado. A idealizadora do Mães nos contou de sua felicidade ao dia da aprovação do projeto “Nunca chorei tanto em minha vida”. Mariana assim honraria seu sonho e suas Yás, Mãe Maria da Quixaba, Mãe Elda Viana, Mãe Helena, Mãe Laura e Mãe Enézia.
Hoje o filme esta em fase de edição, com 40 horas de registro para editar em 1h16min, Mariana afirma ser o processo mais doloroso e sofrido do projeto, e fala do seu dever com a religiosidade.
 “Toda vez que nos encontramos na ilha de edição, eu choro. Uma edição minuciosa e carinhosa para que 40hrs de registro se transformem em uma hora e meia de muita emoção e amor. Mães do Pina é nosso sim, mais em especial é dedicado ao Candomblé e a Jurema Sagrada onde nos curvamos e deixamos as lágrimas escorrerem de nossos olhos para sentirmos a verdadeira emoção de fé e esperança de dentro de nós. 

Vamos inscrever o Mães em todos os festivais que for preciso, queremos rodar o mundo mostrando nossas raízes, cultura, resistência e nosso povo! MÃES DO PINA É CANDOMBLÉ, É JUREMA SAGRADA! MÃES DO PINA É UMA DECLARAÇÃO DE AMOR!”
Axé e muito Saravá!
Yalorixá Elda Ivo

     Assim, encantados pela incalculável riqueza que estas mulheres tem a nos transmitir, que o Festival Percussivo recebe em sua programação, HOJE quinta-feira 21/11 ás 20hrs, no Sesc Rio Preto, o teaser do documentário " Mães do Pina". Após a exibição haverá a vivência com duas importantes Mães do Pina, a Yalorixá Maria da Quixaba e a Yalorixá e Rainha da Nação do Maracatu Porto Rico, Elda Viana, o bate-papo contará também com a presença da idealizadora e co-diretora do documentário, Mariana Bianchi.







quinta-feira, 14 de novembro de 2013

O axé da minha Nação

            Nós do Festival Percussivo estamos radiantes e ansiosos pela presença do Maracatu Encanto do Pina em nosso evento. Este ano, teremos a honra de receber a Yakekerê (mãe pequena, dirigente espiritual), primeira mulher mestra na história de maracatu de baque virado, Mestra Joana D'Arc que comanda os batuqueiros do Encanto do Pina, também contaremos com a Yalorixá Maria da Quixaba, líder espiritual do Ilê Axé Oxum Deym, casa religiosa que deu origem e ainda hoje abriga e norteia o Encanto. Além destas grandes mulheres, este maracatu também será representado pelos batuqueiros Mariana Bianchi, Giva Martins e Rumenig Dantas.
               O poema a seguir foi escrito por Mayara Ísis, integrante do grupo anfitrião do Festival, Maracatu Pedra de Raio, em 05/03/2013 ocasião do aniversário da Nação do Maracatu Encanto do Pina.

"Em uma terra distante, próxima ao coração
conheci tão lindo Ilê, respeitei minha Nação
Aos pés de Vó Quixaba me prostrei
À ela meu carinho, repeito e adoração
No dia a dia, nos tramites da labuta
não há maior guerreiro em prontidão
Pai Marcelo luta
corre mundo, pra manter a tradição
Mantendo forte a pulsasão
vi Joana D'Arc, mestra singular
Comanda batuqueiro, leva este Encanto 
não deixa nunca o brilho se apagar
E neste dia, com o Axé de Oxum e Iemanjá
Os 33 anos desta história eu vim saudar
Das conquistas à resistência
do Nagô à Sagrada Ciência 
Parabéns  a família Maracatu Encanto Do Pina
Que minha Nação reine e encante sempre por onde passar.
AXÉÉÉÉ"





Yalorixá Maria da Quixaba                                            Mestra Joana D'Arc
Mariana Bianchi                                     Giva Martins


                                                        Rumenig Dantas


domingo, 10 de novembro de 2013

REPRESA MUNICIPAL

O cartão postal da Cidade abre os braços para 5º Cortejo Afro

Proposto como celebração da igualdade racial e promoção pública da cultura Afro, nosso cortejo já se tornou uma tradição na cidade, destacando-se como um dos mais importantes eventos da semana da Consciência Negra do município.

Neste ano a represa municipal, ponto turístico da cidade, foi escolhido pela importante relevância ao município e pela bela paisagem oferecida aos visitantes. Com concentração marcada para as 10 da manhã, o cortejo trará participações de grupos de maracatu, capoeira, congada, dança entre outros convidados. E você batuqueiro que está aflito com sua locomoção até a Represa municipal, não fique. O Festival Percussivo terá transporte de ida e volta para o cortejo, à disposição de todos alojados. 
Represa Municipal.Foto Divulgação: Paulo Magri/SMCS

SESC RIO PRETO

Grandes mulheres contam a história da cultura negra

Com prestigio e reconhecimento indiscutíveis, o SESC Rio Preto, mais um ano, recebe o Festival Percussivo e nos acomoda em suas ótimas instalações, nos abrigando em seu teatro e sua comedoria.  Nos dias 20 e 21 de novembro as histórias de um grande rio-pretense, líder negro, Sr. Aristides dos Santos e de baluartes da cultura afro-pernambucana, Lia de Itamaracá, Yalaorixás Maria da Quixaba e Elda Ivo Viana serão apresentadas em atividades de literatura, cinema e música.




Teatro SESC Rio Preto. Foto Divulgação/SESC RIO PRETO


sábado, 9 de novembro de 2013

CEPROL - UNIRP

O espaço das conexões

      Na edição desde ano o Festival Percussivo tem sua sede no CEPROL, conhecido também com CLUBE UNIRP – Centro Universitário de São José do Rio Preto, situado na Rodovia Br153 (Transbrasiliana), Km 69, o local apontou-se com o lugar perfeito para fazermos deste festival uma experiência única. Repleto de árvores frondosas e de sombras generosas o lugar oferece ótima estrutura para camping, salas/alojamentos com ar condicionado, vestiários, banheiros extras e excelente salão de eventos, que receberá nossas palestras e shows. Além de dispor de uma piscina olímpica disponível a todos que estiverem alojados na sede do Festival. Lembrando que o Festival contará com uma lanchonete, aberta durante todas as atividades, com lanches, bebidas e petiscos que cabem no bolso, para amenizar a fome e a sede entre as refeições já inclusas em nossos pacotes.


Foto Divulgação/ Festival Percussivo



São José do Rio Preto

Iboruna, SP – Brasil, o interior também batuca

  São José, Ouro Preto, São José dos Campos,  Rio Preto?

Muitos dos brincantes do Festival Percussivo aportarão em São José do Rio Preto pela primeira vez durante nosso evento e por isso, proponho guiá-los pelos aspectos gerais da cidade e aos lugares por onde o Festival fará seu pouso.
Com seus mais de 435 mil habitantes, São José do Rio Preto está na região noroeste do estado de São Paulo, próximo aos estados de Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Paraná e situada a cerca de 440 km da capital do estado. A cidade conta com aeroporto no perímetro urbano, com vôos diretos das principais cidades do país e estação rodoviária com diversas opções de empresas de ônibus para todo o Brasil. Além de contarmos com a CARONA PERCUSSIVA, proposta de unir os batuqueiros da grande família percussiva, que estiverem a fim de dividir os custos da viagem.
Pra os visitantes de primeira jornada, lhes adianto que frio praticamente não será uma preocupação! Com médias das temperaturas máximas, para o mês de novembro de 31°C recomendo que abasteçam suas malas com roupas e calçados leves, protetor solar, chapéus, roupas de banho e casacos apenas por precaução. E para matar a sede e se refrescar, não se preocupem o CEPROL, local que abrigará o alojamento, oficinas e shows, conta com uma excelente piscina, extensiva aérea arborizada e lanchonete aberta todos os dias do Festival.  

Vista aérea de Rio Preto, foto divulgação: Paulo Magri/SMCS

·         Ficou curioso sobre o termo IBORUNA?
 Segundo a ALIP – Amostra Linguística  do Interior Paulista –  o nome Iboruna (= Rio Preto) tem motivação histórica; é um nome próprio de lugar, de origem tupi-guarani que se pretendeu atribuir a São José do Rio Preto em comemoração do aniversário dos 50 anos da cidade.  No entanto a intervenção da Igreja Católica riopretense não só impediu a mudança como conquistou de maneira definitiva a denominação primitiva, São José do Rio Preto, reduzida a Rio Preto de 1906 a 1944.

terça-feira, 29 de outubro de 2013

Fazendo Conexões

Bastidores, memórias, ansiedades, expectativas e esperanças ...

Sawabona Shikoba !

Bom Dia brincantes !
 
    Parece que foi ontem que estávamos no palco da praça Rui Barbosa celebrando o encerramento do nosso 4º Cortejo Afro. A energia foi tão intensa naquele momento, que o suor, o cansaço e as lágrimas, nos pareciam os mais doces frutos da árvore chamada felicidade. A sensação de missão cumprida, a alegria e a satisfação estampada nos rostos da família Pedra de Raio, era a cada instante multiplicada pelos sorrisos dos irmãos de axé, que partilhavam conosco aquela experiência e também por cada novo brincante que fomos encantando durante o trajeto de nosso cortejo pelo centro da cidade.
 
   E assim um ano se passou, num rebate de baqueta, com muita luta, chegamos ao 5º Festival Percussivo. Nesta edição e a cada ano, buscamos nos aproximar mais dos participantes, queremos semear juntos a celebração da cultura. E com isso criamos mais este canal de comunicação. Neste espaço você terá acesso aos bastidores, notícias sobre as atrações e um ambiente aberto ao bate-papo, cheiros, sons, histórias, ansiedades e experiências já vivenciadas ou aguardadas do Festival Percussivo.

Venha dar as mãos nesta grande ciranda virtual, de tambor na mão, pé no chão e também ligados nesta teia virtual, faremos a conexão.

Axé !




Confraternização, Axé ao final do 4º Cortejo Afro (foto: Nathalie Gingod)

                    
* Caso você tenha ficado curioso em saber o significado de SAWABONA, é um cumprimento  usado no sul da África e quer dizer "EU TE RESPEITO, EU TE VALORIZO, VOCÊ É IMPORTANTE PRA MIM". Em resposta as pessoas dizem SHIKOBA que é "ENTÃO EU EXISTO PRA VOCÊ".